terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Sugestão de Leitura - Justificação
Para que se compreenda sobre justificação da maneira intensa em que esta doutrina deve ser entendida, devemos antes buscar o auxílio de uma parte da Teologia chamada de Sistemática. Bem verdade é que a teologia, por si só, é de difícil compreensão e quando se trata de teologia sistemática, o trabalho é bem mais árduo. Contudo, o que se busca aqui não é o aprofundamento teológico, mas algum entendimento sobre Deus.
É na teologia sistemática que se estuda sobre a natureza de Deus, também conhecida como os atributos de Deus. Tais atributos são didaticamente divididos em naturais e morais. Os atributos naturais não podem ser reproduzidos pelo homem, pois pertencem somente a Deus. Alguns exemplos desses atributos são a onisciência, onipotência e onipresença. Já os atributos morais podem ser reproduzidos pelo homem. Um desses atributos é exatamente a justiça, tema de nossa aula.
O que significa ser justo? Será que é a mesma coisa que ser bom? A Bíblia nos fala sobre um Deus que é justo e que exerce a justiça. Pense agora no grande problema a ser resolvido por Deus depois da queda do homem. Ele queria restaurar o relacionamento com o homem (porque outro atributo moral de Deus é o amor), mas ao mesmo tempo deveria ser justo. Como resolver isso? O homem tinha errado e jamais conseguiria restaurar esse relacionamento com Deus por si só. Seria preciso um plano muito bem elaborado, perfeito em sua execução, um plano de salvação.
Imagine que um dia alguém muito querido toca a campainha de sua casa. De modo muito cuidadoso essa pessoa relata sua condição financeira que não era nada boa. Ela reúne então todas as suas forças e engole todo o seu orgulho para lhe pedir uma ajuda financeira. Como as contas estavam bastante atrasadas, o valor era bem significativo. Você conhecia muito bem aquela pessoa e tinha a quantia a ser emprestada. Foi muito fácil tomar aquela decisão. Emprestou o dinheiro. Veja bem a palavra: Emprestou e não deu o dinheiro.
Depois de um tempo finalmente chegou o dia do acerto de contas. No horário combinado a pessoa não aparece em sua casa. Simplesmente some de sua vista. Por mais que você tente encontra-lo, não consegue e logo percebe que até mentiras são contadas para que o encontro de acerto de contas não aconteça. Mas um dia, por essas coincidências da vida, você encontraria o devedor na rua. O encontro fora tão repentino que não haveria condições para mudar de direção, correr para o outro lado da rua e etc. Seu amigo abaixa o semblante, começa a chorar e lhe perde perdão por tudo aquilo que estava acontecendo. Ele lhe explica que estava tentando trabalhar, mas a situação do mercado de trabalho estava muito difícil, ainda mais para alguém quase na casa dos sessenta anos de idade. Você então se comove com aquela situação e toda a insatisfação que antes você sentia pelas mentiras contadas dá lugar a um enorme sentimento de perdão conduzido por um amor infinito. A sua vontade é de abraçar o seu amigo e dizer que já não havia mais dívida alguma, mas por mais que isso pudesse ser feito em nome do amor não seria justo. Lembre-se que havia uma dívida a ser paga. O que fazer então? Como ser justo e ao mesmo tempo amoroso? Essa era a questão.
Depois de uns dias você tem uma ideia maravilhosa, mas para isso um elaborado plano deveria ser executado. Nessa época você tinha somente um filho e você pede para que ele vá até a casa de seu amigo com um pacote de dinheiro com o valor do empréstimo e algumas instruções dentro do envelope. O seu filho então vai até a casa de seu amigo, mas no caminho muitas coisas querem tirá-lo do caminho que ele deveria seguir. No início ele sentiu uma vontade enorme de comprar uns pirulitos e sorvete porque estava já a algum tempo sem comer. Depois ele ficou pensando na possibilidade de comprar um monte de brinquedos, na verdade qualquer brinquedo que ele quisesse, mas ele seguiu firme no seu caminho.
O seu amigo ao receber o pacote viu que lá dentro havia bastante dinheiro. Dentro também haveria algumas instruções. “Querido e amado amigo... sinceramente queria muito ter te perdoado de toda a dívida em nome de meu amor, mas isso não seria justo. Portanto, aí dentro desse envelope está todo o dinheiro que você me deve e mais uma boa quantia para que você viva bem por uns meses. Esse dinheiro não é emprestado, mas sim dado. Lembre-se que parte dele deve ser usado para pagar a dívida. Estou te aguardando aqui em casa hoje a noite para celebrarmos com um belo churrasco”.
Na hora marcada lá estava ele com o dinheiro na mão para pagar a dívida, mas se sentiu culpado por tudo o que havia acontecido e mais uma vez pediu perdão. Você então diz que não existe mais dívida. Tudo havia sido justificado em nome do amor.
Foi exatamente isso o que aconteceu entre Deus e nós. Ele precisava ser justo, mas ao mesmo tempo ser amoroso. O plano de salvação foi elaborado para que nós pudéssemos alcançar essa justiça. Jesus foi a forma com que Deus encontrou para exercer a sua justiça e amor. Em Cristo nós fomos justificados e, por isso a salvação está a nossa disposição. Nenhuma culpa pode mais existir porque Deus nos fez justos ao pagar Ele mesmo a nossa dívida.
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